quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Nº 22.710 - "Globo acertou propina para comprar Libertadores em restaurante de Buenos Aires, diz testemunha-chave do FBI em Nova York"

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15/11/2017

Globo acertou propina para comprar Libertadores em restaurante de Buenos Aires, diz testemunha-chave do FBI em Nova York


Do Viomundo - 14 de novembro de 2017 às 19h30


 
Marcelo Campos Pinto, homem forte do esporte na Globo, já afastado pela emissora, foi condecorado pela CBF ao lado de Marco Polo del Nero, um dos indiciados em Nova York. Ele elogiou Marin, que está em julgamento

“2015 vai entrar na história do futebol brasileiro como um grande ano. O ano em que há poucas semanas o presidente José Maria Marin passou o bastão para o presidente Marco Polo. Presidente Marin, em nome do grupo Globo, em meu nome, eu gostaria de agradecer todo o carinho, toda a atenção com a qual o senhor sempre nos brindou, sempre aberto a discutir os temas que interessam ao futebol brasileiro, dos quais me permito destacar, o novo formato da Copa do Brasil, que deu mais charme a essa competição promovida pela CBF, que é a verdadeira competição do futebol brasileiro”. Marcelo Campos Pinto, em nome dos irmãos Marinho, em cerimônia pública


Globo pagou propina por direitos da Libertadores e da Sulamericana, diz delator do caso Fifa

É a primeira vez que a maior empresa de mídia brasileira é citada no caso. A emissora nega.

Delator no caso de corrupção da Fifa, o empresário argentino Alejandro Burzaco afirmou em depoimento em Nova York, nesta terça (14), que a Globo pagou propina para adquirir direitos de transmissão de campeonatos de futebol.

O delator disse que, em junho de 2012, participou de um jantar no restaurante Tomo Uno, em Buenos Aires, com a presença do então presidente da CBF, José Maria Marin; do atual ocupante do cargo, Marco Polo Del Nero; e do então diretor de Esportes da Globo, Marcelo Campos.

Na ocasião, segundo Burzaco, o grupo acertou que os pagamentos de propina feitos em decorrência dos direitos de transmissão das copas Libertadores e Sulamericana seriam divididos, dali em diante, entre Marin e Del Nero — antes, segundo ele, eram destinados a Ricardo Teixeira.

É a primeira vez que o maior conglomerado de mídia do Brasil é envolvido diretamente no escândalo, que se desenrola desde 2015. A emissora nega as acusações e diz que “não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina” (leia a íntegra ao final do post).

O ex-executivo da Globo Marcelo Campos e o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira tinham uma relação próxima. Eles eram, inclusive, vizinhos em um sítio na cidade de Barra do Piraí, no interior fluminense.

Ex-presidente da produtora Torneos, também conhecida como TyC, Burzaco negociava com os canais de televisão os direitos de transmissão, tanto na Argentina como em outros países da América Latina.

O empresário está colaborando com a investigação, que é liderada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, e pagou US$ 112 milhões de multa. Ele afirmou à juíza Pamela K. Chen que outras emissoras também pagaram propina.

Além da Globo, o argentino citou a Fox Sports — atual detentora dos direitos de transmissão da Libertadores no Brasil — e a mexicana Televisa, entre outras.

Segundo Burzaco, a Fox Sports pagou US$ 3,7 milhões pelos direitos de transmissão da Libertadores e da Sulamericana. No Brasil, o canal é dono dos direitos para transmitir a competição, que sublicencia para a Globosat, desde 2012, quando estreou no país.

O BuzzFeed News não conseguiu contato com a Fox Sports, mas, em outras ocasiões, a emissora negou irregularidades.

Até agora, a principal empresa brasileira envolvida no escândalo da Fifa era a Traffic, empresa de mídia cujo dono, José Hawilla, também fechou acordo com as autoridades dos Estados Unidos. Ele concordou em pagar US$ 151 milhões a título de indenização.

Em sua delação, Hawilla acusou a cúpula da CBF — incluindo o atual presidente, Marco Polo Del Nero — de receber propina em troca dos direitos de transmissão de campeonatos nacionais. O empresário, que é dono da TV Tem, afiliada da Globo no interior de São Paulo, não citou outras empresas de mídia em sua delação.

Em seu depoimento, Burzaco disse que o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira recebeu US$ 600 mil por ano, desde 2006, a título de propina dos contratos de transmissão da Copa Libertadores e da Copa Sulamericana, torneios organizados pela Conmebol.

Segundo o empresário, Teixeira recebia os pagamentos em contas no Oriente Médio, na Ásia e em Andorra. Os pagamentos chegaram a ser viabilizados, segundo o argentino, pelo próprio Teixeira. “Nós tinhamos problemas constantes com bancos que não queriam enviar dinheiro a esses destinos exóticos”, disse Burzaco.

O BuzzFeed News não conseguiu contato com a defesa de Teixeira. Em entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo, em junho, o ex-cartola negou ter recebido dinheiro ilegal.

Outro ex-presidente da CBF, José Maria Marin, também foi acusado pelo argentino de receber propina. Ele está em prisão domiciliar em seu apartamento na Trump Tower, em Nova York, e é réu na mesma ação em que o argentino testemunhou — mas, ao contrário de Burzaco, o brasileiro nega ter recebido dinheiro ilegal.


J Hawilla, o sócio da Globo enroladíssimo com as maracutaias do futebol
Testemunha do caso Fifa diz que Globo pagou propina por direitos de TV

O Grupo Globo foi citado por Alejandro Burzaco, ex-homem forte da companhia de marketing argentina Torneos y Competencias SA, como uma de seis empresas que teriam pago propina para ganhar a concorrência dos direitos de transmissão de torneios internacionais.

Num dos depoimentos mais aguardados do julgamento do escândalo de corrupção da Fifa, em Nova York, Buzarco disse que grupos de mídia, entre eles a Globo e a brasileira Traffic, além de Televisa, do México, a americana Fox e a argentina Full Play fizeram pagamentos irregulares para obter vantagens.

Ele foi ouvido como uma das testemunhas da acusação no julgamento de José Maria Marin, ex-presidente da CBF acusado de extorsão, fraude financeira e lavagem de dinheiro durante negociações de contratos com a Fifa.

Em nota, o Grupo Globo afirmou “veementemente” que “não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina”. A empresa lembra ainda que após mais de dois anos de investigação não é parte nos processos relacionados à corrupção na Fifa na Justiça americana.

“Em amplas investigações internas, [o Grupo Globo] apurou que jamais realizou pagamentos que não os previstos nos contratos”, diz a nota.

Ainda assim, o grupo afirma que se colocará à disposição das autoridades americanas.

Os outros grupos de mídia citados por Buzarco ainda não se pronunciaram sobre o caso.

Buzarco também é réu na investigação conduzida pela Justiça americana. Ex-diretor da Torneos y Competencias, empresa de marketing esportivo com sede em Buenos Aires, ele fechou um acordo de delação premiada com os promotores do caso e ainda aguarda a sua sentença.

O empresário está em prisão domiciliar em Nova York desde que foi detido, há dois anos. Ele disse também que manteve a Fox Panamericans informada sobre o pagamento de propina — o grupo americano foi o único sobre o qual deu mais detalhes, alegando que sabiam de todos os passos do processo.

Ele se referia então a contratos de transmissão da Copa Libertadores.

O empresário citou ainda o grupo Clarín, mas disse que este foi o único que não chegou a pagar propinas à Fifa.

No tribunal do Brooklyn, diante dos jurados, Buzarco apontou para Marin, além de dois outros réus na corte, o paraguaio Juan Ángel Napout e o peruano Manuel Burga, afirmando que havia entregado dinheiro ilícito aos três.

Marin, Burga e Napout são os únicos de quase 40 indiciados no caso que se declaram inocentes das acusações.

O depoimento de Buzarco, portanto, é uma das principais armas da acusação no julgamento que acusa dirigentes do futebol mundial de receber até R$ 500 milhões em pagamentos ilícitos em paralelo a negociações de contratos com a Fifa ao longo das últimas duas décadas.

Veja a nota do Grupo Globo na íntegra:

Sobre depoimento ocorrido em Nova York, no julgamento do caso Fifa pela Justiça dos Estados Unidos, o Grupo Globo afirma veementemente que não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina. Esclarece que após mais de dois anos de investigação não é parte nos processos que correm na Justiça americana. Em suas amplas investigações internas, apurou que jamais realizou pagamentos que não os previstos nos contratos. Por outro lado, o Grupo Globo se colocará plenamente à disposição das autoridades americanas para que tudo seja esclarecido. Para a Globo, isso é uma questão de honra. Não seria diferente, mas é fundamental garantir aos leitores, ouvintes e espectadores do Grupo Globo que o noticiário a respeito será divulgado com a transparência que o jornalismo exige.

PS do Viomundo: Quem leu O Lado Sujo do Futebol não será surpreendido por nada disso. O esboço das negociatas do futebol está todinho lá.
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