segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Nº 22.368 - "A concentração de renda no Brasil é obscena. Mas eles querem mais"

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25/09/2017

A concentração de renda no Brasil é obscena. Mas eles querem mais


Do Tijolaço · 25/09/2017


decis

por FERNANDO BRITO

Do El País, com base no estudo sobre distribuição de renda no Brasil, embora soe uma trágica ironia usar a palavra “distribuição”:
Jorge Paulo Lemann (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim) são as seis pessoas mais ricas do Brasil. Eles concentram, juntos, a mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres do país, ou seja, a metade da população brasileira (207,7 milhões). Estes seis bilionários, se gastassem um milhão de reais por dia, juntos, levariam 36 anos para esgotar o equivalente ao seu patrimônio. Foi o que revelou um estudo sobre desigualdade realizado pela Oxfam.
O levantamento também mostrou que os 5% mais ricos detêm a mesma fatia de renda que os demais 95% da população. E que aqueles que recebem um salário mínimo (937 reais) por mês (cerca de 23% da população brasileira) teriam que trabalhar por 19 anos para obter a mesma renda que os chamados super ricos. Os dados também apontaram para a desigualdade de gênero e raça: mantida a tendência dos últimos 20 anos, mulheres ganharão o mesmo salário que homens em 2047, enquanto negros terão equiparação de renda com brancos somente em 2089.
 Traduzindo de maneira mais chocante: cinco milhões de brasileiros têm a mesma renda que 195 milhões. E nem para aí para a comparação: os 500 mil mais ricos, naquele grupo reúnem uma riqueza bem maior que 160 milhões de pessoas. Ou seja, cada um deles “vale” 320 brasileiros, ou oito ônibus lotados.
Ah, mas isso é tipico dos países mais pobres, como os da América Latina…É?
Neste ano, o Brasil despencou 19 posições no ranking de desigualdade social da ONU, figurando entre os 10 mais desiguais do mundo. Na América Latina, só fica atrás da Colômbia e de Honduras. Para alcançar o nível de desigualdade da Argentina, por exemplo, o Brasil levaria 31 anos. Onze anos para alcançar o México, 35 o Uruguai e três o Chile. 
Claro, se estes ficassem paradinhos do jeito em que estão…
Melhoramos, com as políticas de inclusão, claro, mas não há como distribuir a alguém sem tirar de outros. É a própria coordenadora a Oxfam, Kátia Maia que aforma:
“Na base da pirâmide houve inclusão nos últimos anos, mas a questão é o topo. Ampliar a base é importante, mas existe um limite. E se você não redistribui o que tem no topo, chega um momento em que não tem como ampliar a base”.
E isso, claro, implica mexer nos impostos e em suas estruturas. Você ouve o tempo todo que a carga tributária brasileira é elevadíssima (e, de fato, não é pequena) mas quase nunca sobre como ela é mal distribuída.

distriimpostos

Como você vê na ilustração, os 10% mais pobres pagam uma carga de impostos 50% mais alta que o décimo da população que tem renda mais alta.
Também não ouve falar que, desde o governo Fernando Henrique, que a isenção de imposto de renda sobre juros sobre capital próprio, rendas no exterior e lucros e dividendos que se embolsa das empresas é mais que o dobro te tudo o que se consome no Bolsa Família.
A íntegra do estudo da Oxfam está aqui, para quem quiser conferir e saber mais detalhes.
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