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23/02/2015


O que o Dr. Moro tem para julgar. O resto é suposição


Tijolaço - 23 de fevereiro de 2015 | 17:27 Autor: Fernando Brito
martelo


Fernando Brito


Esclarecedora, para quem lê os jornais, a declaração do Juiz Sérgio Moro, publicada agora há pouco pelo O Globo.

“O juiz (Moro)afirmou que, nas ações de lavagem de dinheiro já em curso contra executivos das empreiteiras, a formação de cartel e a frustração de licitações são crimes antecedentes, mas não foram incluídos na denúncia do Ministério Público Federal, que se fundamenta nos depósitos realizados pelas empresas de fachada ou que vendiam notas ao doleiro Alberto Youssef.

“Apesar do MPF reportar-se a suposto superfaturamento das obras da Petrobrás, fulcrando-se em auditorias e julgamentos do Tribunal de Contas da União, a denúncia abrange apenas os crimes de lavagem de dinheiro, corrupção, associação criminosa e uso de documento falso”, afirmou.

Então, afinal, o que está em julgamento são as propinas recebidas por Paulo Roberto Costa, Alberto Yousseff, Pedro Barusco (todos perdoados) e eventualmente outros dirigentes da Petrobras.
Graves, gravíssimas.

O resto, superfaturamentos bilionários, é mera especulação e não há, como dizem os juristas, materialidade que sustente sua análise judicial.

Presta, apenas, para especulação jornalística e exploração política.

Mas, repare uma coisa: boa parte dos corruptos vai sair incólume desta história.

Perdem boa barte do dinheiro que ganharam de forma suja. Mas sujos que são, você tem certeza que não lhes sobra nada?

Dizia a minha santa avó: du-vi-de-o-dó!

Veremos, também, uma série de corruptores impunes, já que a eles também se propõem delações premiadas se acusarem meio mundo e, sobretudo, se chegarem perto da “jóia da coroa”.

Isso, aquele mesmo em quem você pensou.

E os políticos, bem, isso é assunto que ainda está por vir e com muitas supresas, no Supremo, não em Curitiba,

Ah, mas pense bem, será que não haverá ninguém punido pelo Dr. Moro?

Claro!

A economia brasileira.

Os operários, técnicos, engenheiros demitidos das obras que se paralisam por uma exploração política que até o Dr. Moro sabe que não tem base em fatos comprováveis.

A economia brasileira, que verá serem congelados ou atrasados por anos projetos essenciais para seu crescimento.

A Petrobras, que passou a viver sob desconfianças de credores, fornecedores, contratantes.

O Brasil, que será punido pelo crime que cometeram contra ele com muito mais severidade que os próprios criminosos perdoados.

O Brasil, transformado de repente num país tomado por marginais, algo que ninguém diz que é a Suíça, com seus bancos que movimentam fortunas centenas ou milhares de vezes maior que Costa, Yuossef, Barusco & Cia.

Aliás, nem mesmo o HSBC, pego com a boca na botija e com contas secretas até de seu presidente mundial.

Porque aqui, infelizmente, construiu-se uma casta midiática e judicial (e para-judicial) que não se escandaliza com R$ 1 bilhão em impostos saqueados do país num processo de sonegação como o da Globo, que é mais que o dobro do que até agora se comprovou surrupiado por aquela trupe?

Que não se importa com nada disso, mas com um projeto político que conspurca a própria ideia de Justiça como Direito,e da frase célebre do jurista uruguais Eduardo Couture: “”Da dignidade do Juiz depende a dignidade do Direito”.

Tomara que não vivamos o inverso disso.
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