terça-feira, 21 de outubro de 2014

Contraponto 15.110 - "Dilma pode derrotar Aécio com a mesma votação de 2010"


Eduardo GuimarãesFim da tarde de segunda-feira. Vou com a filha buscar o genro no Aeroporto de Guarulhos. Uma hora e quarenta para rodar trinta e poucos quilômetros. Uma tortura.
Conseguimos pegar a Airton Senna de volta para São Paulo por volta das 21 horas.
Durante o congestionamento, busco no celular notícias sobre o Datafolha.


Dilma 52, Aécio 48.

Solto um PQP que assusta filha e genro.

No caminho, recebo ligação de importante personagem da campanha de Dilma:

Ele — Liguei para cumprimentá-lo pelas
pesquisas.

Eu — Achei que não ia dar, apesar de que
ninguém ganhou nada, ainda.

Ele – Claro, não ganhamos nada. Mas viramos na hora certa.

Eu – É mesmo?

Ele – Sim. Agora vai por inércia. Além de faltar pouco tempo, os ataques acabaram. O TSE não deixa mais. Quem atacou, atacou; quem não atacou, não ataca mais.

Eu – Entraram na reta final em vantagem, certo?

Ele – Isso. Vantagem significativa. Estamos comemorando. Muito. Liguei para agradecer.

Eu – Eu é que agradecerei, se livrarem o país do PSDB.

O carro volta para casa no piloto automático. O inconsciente dirige em meu lugar. O jovem casal puxa conversa comigo, mas permaneço monossilábico, pensando.

Aqueles números ficavam rondando a mente: 48 e 52, 48 e 52, 48 e 52…

Ao mesmo tempo que fico repetindo os números pró Dilma do Datafolha, penso na razão para a campanha dela estar tão eufórica.

Estou quase chegando em casa quando a luz se faz.

Os números de Dilma e do adversário tucano da vez estão extremamente próximos dos da eleição de 2010, entre ela e Serra.

Em 31 de outubro de 2010 Dilma Rousseff obteve 55.752.529 votos, ou 56,05% dos votos válidos; José Serra obteve 43.711.388 votos, ou 43,95% dos votos válidos.

Voltemos às recém-divulgadas pesquisas CNT/MDA, Datafolha ou Vox Populi. Todas mostram trajetória ascendente de Dilma. Continuará esse movimento de subida?

A tendência é a de que continue. A virada é muito consistente. Mostra uma onda (modesta) como a de 2010, na reta final do segundo turno.

Assim como em 2010, na virada para o segundo turno houve desânimo petista e euforia tucana. Mas no segundo turno, com apenas duas opções, o país resiste a trocar o certo pelo duvidoso.

Agora, o mais importante da reflexão: pela margem de erro do Datafolha, por exemplo, Dilma tem entre 54% e 50% dos votos válidos e Aécio, entre 46% e 50%.

No topo da margem de erro, Dilma está a 2 pontos percentuais de repetir a votação de 2010. Teria hoje 54% contra 46% de Aécio.

Se estiver ocorrendo um movimento de ascensão da campanha petista, ganhar mais dois pontos será moleza.

Até porque, os 6% de indecisos que restam pertencem às camadas mais pobres da sociedade, que tendem sempre a votar no PT.

Claro que é cedo para comemorar, pois a vantagem de Dilma é numérica e percentualmente pequena. Todavia, a virada soa razoavelmente clara.

A esta altura, denota que cada vez mais gente vai refletindo que o risco de trocar tudo o que tem hoje pelas promessas vagas de Aécio é um risco que não vale a pena correr.

Temos que entender que ninguém está penando hoje no Brasil. Muito pelo contrário. Salários continuam subindo, desemprego continua caindo, inflação está controlada e o crescimento começa a ser retomado.

E Aécio, o que promete? Garantiu que, se eleito, não haverá piora da situação das pessoas? Não garantiu. Pelo contrário, falou em “medidas impopulares”.

Dilma, não. Garantiu que, com ela, não haverá arrocho salarial, choque fiscal, monetário ou aumento do desemprego. É o que as pessoas querem ouvir

E convenhamos: se a conta de Luz, que caiu quase 30%, vier a subir 10%, 20%, não chegaá a ser uma catástrofe.

E a gasolina não sobe faz muito tempo. O brasileiro gasta menos com combustível hoje do que há um ano. Um reajuste, dadas as condições atuais das pessoas, não assusta ninguém.

Veja a ironia, leitor: tanto trabalho que a direita teve com protestos, terrorismo econômico, bombardeio midiático sobre corrupção e pode conseguir, apenas, o mesmo que há 4 anos.

Como diria Shakespeare, “muito barulho por nada”

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