terça-feira, 26 de agosto de 2014

Contraponto 14.616 - "Escolha de Aécio: reagir ou abrir passagem "


Nesta segunda-feira 25, ao mesmo tempo, em entrevistas para dois dos principais jornais do País, dois dos mais destacados envolvidos na campanha de Marina manifestaram agrado por essa estratégia que, a eles, soa como música. Tanto o presidente do PSB, o experiente Roberto Amaral, na Folha de S. Paulo, como o professor Eduardo Gianetti, credenciado como o maior formulador da plataforma econômica da candidata, no Valor Econômico, falaram em "governar com as franjas do PT e do PSDB", num recado que, a esta altura, só serve para os quadros qualificados desta última agremiação.

Ao contrário de chefes tucanos como FHC, não houve no PT quem manifestasse alguma simpatia pela candidatura de Marina. Ao contrário, a entrada na disputa correspondeu a respostas diretas e indiretas da própria candidata Dilma Rousseff na oposição ao nome do PSB. Citando Marina, a presidente disse que a ela falta "experiência administrativa".

Na tarde desta segunda 25, no Palácio do Planalto, respondendo a jornalistas, Dilma afirmou, de maneira enviesada, que um candidato que não se preocupa com a gestão não serve para ser presidente do Brasil, mas apenas "para Rainha da Inglaterra". Em outras palavras, para conter o esperado crescimento de Marina, Dilma começou a 'bater' nela. Em seguida, cobrou da candidata do PSB explicações formais sobre a situação do jatinho em que Eduardo Campos morreu - e o qual a própria Marina fez uma série de viagens de campanha.

E AÉCIO? A ele interessa a proposta de 'pegar leve' com a candidata do PSB, como pregam alguns de seus próprios correligionários que veem, nesta eleição, como objetivo maior, a derrota do PT? Terá valido a pena deixar uma eleição considerada segura para governador de Minas para, a esta altura, manter apenas Dilma como adversário e preservar Marina? Não seria está a maneira mais acertada de, apenas, ficar com um inútil terceiro lugar?

Em São Paulo, um Estado chave especialmente para os tucanos, que o governam a 20 anos, outros quadros importantes já se assanham com a iniciativa de preservar Marina. Ela é do interesse integral do ex-governador e candidato a senado José Serra, que poderia figurar, de acordo com as insinuações de Amaral e Gianetti, num futuro governo Marina. Também atendem aos projetos do governador Geraldo Alckmin. Uma vez reeleito, e com Aécio mantido como senador, o paulista seria a primeira alternativa tucana para a Presidência da República em 2018.

Ainda que com uns dias de atrás, e em seu estilo matreiro, o próprio Aécio parece estar percebendo que deixar Marina livre de críticas não é nada bom para ele mesmo. Depois de enfrentar uma reunião com o comando dos tucanos, em São Paulo, que chegou a uma conclusão em cima do muro – esperar as próximas pesquisas para ver como é que fica --, Aécio disse hoje, no Rio de Janeiro, sem citar Marina, que ela pode ser somente "uma onda nesse mar lindo", significando que o fenômeno eleitoral quem ela já representou na eleição passada tem chances de ser passageiro agora. Isso ainda é muito pouco, se é que é uma crítica.

Para esta semana, espera-se a divulgação de duas novas pesquisas eleitorais – Ibope e CNT/MDA. Segundo as projeções e rumores, Marina abriria margem sobre Aécio e ainda obteria um desempenho considerado excelente em São Paulo.

Até a publicação dos números, não há como dimensionar o tamanho do problema que o neto do presidente eleitTancredo Neves terá pela frente. Mas com o que se tem até aqui, já se sabe que ele não é pequeno.

Com a unção de Marina no lugar do ex-governador Eduardo Campos, morto em acidente aéreo na quarta-feira 13, Aécio pela primeira deixou, nesta corrida eleitoral, de ser a melhor perspectiva de poder para os que querem tirar do Palácio do Planalto a presidente Dilma e o PT. E também é ele que tem o desafio de renovar o entusiasmo do PSDB pela sua própria candidatura, antes que, à espera da próxima pesquisa, e da próxima e da próxima, os tucanos fiquem no muro assistindo Marina passar.
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