segunda-feira, 22 de julho de 2013

Contraponto 11.757 - "O risco mundial de um modelo de ditadura soft e cirúrgico"


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22/07/2013 

 

O risco mundial de um modelo de ditadura soft e cirúrgico



 
Por Ion de Andrade
O risco das ditaduras softs

Os EUA emergiram da segunda guerra mundial como potência democrática capitalizando politicamente em todo o mundo o grande esforço internacional de luta contra o nazi-fascismo. Este élan produziu internamente um ganho de velocidade na adoção de novos direitos para as minorias, mas não foi forte o suficiente, dada a fragilidade da esquerda americana, para produzir o que foi gerado na Europa: o Estado social.

Simultaneamente os EUA passaram a constituir o polo capitalista num mundo bipolarizado com o mundo do socialismo. Esta responsabilidade pelo protagonismo do polo reacionário produziu ao longo das décadas que seguiram a segunda grande guerra profundo desgaste na imagem de potência democrática e libertária.

Vencida a guerra fria e sem adversários de maior vulto a enfrentar os EUA se converteram num país onde o pragmatismo político assume ares de valor absoluto o que dá vida à ideia de que, se é para a defesa dos interesses americanos, então é lícito. Os fins passam a justificar os meios de maneira tão macabra que até mesmo a derrubada das torres gêmeas vem agregando, ao longo do tempo, cada vez maior número de adeptos à tese da conspiração, a exemplo do cientista dinamarquêsNiels Harrit da Universidade de Copenhagem que diz ter encontrado um explosivo tecnológico na poeira dos escombros do World Trade Center, que não veio nos aviões. O episódio envolvendo a espionagem de diversos países, dentre os quais o Brasil, é fato menor num contexto em que o país deu-se o direito de fazer rigorosamente o que bem entende, inclusive internamente, prendendo seus próprios cidadãos sem julgamento e executando outros com o uso de Drones. O episódio envolvendo o presidente Evo Morales é também ilustrativo de uma nova era sem lei nas relações internacionais, o que se aplica tão somente àquilo que é politicamente relevante. Cria-se portanto um contínuo entre a legalidade e a ilegalidade por onde as forças e interesses políticos transitam à vontade.

O problema é de extrema gravidade para o mundo, pois passa a constituir um modelo de Estado concorrente ao Estado de direito e um modelo de relações internacionais que emergiram da segunda guerra mundial como grande resposta de “compromisso” entre esquerda e direita e entre nações para a construção de uma sociedade fundada na lei e nos direitos individuais e coletivos e num mundo mais democrático e menos assimétrico.

Poderíamos dizer que os golpes no Paraguai ou Honduras fazem parte desta nova tendência de alinhamento a um modelo americano que pretende manter uma democracia de fachada no que é irrelevante e um fascismo de tipo novo “no que interessa”.(Grifos em verde negritado são do ContrapontoPIG)


As ditaduras do século XX com a sua truculência explícita parecem que estão cedendo lugar a ditaduras cirúrgicas com baixo dano colateral e recobertas pelo manto legitimador da secretude e pela manutenção de uma democracia de fachada no que é irrelevante.

A quadra atual da política no Brasil torna, portanto, tudo o quanto seja portador de transparência e publicidade para o centro do tabuleiro. A Reforma Política e a adoção de mecanismos cada vez mais fortes de democracia direta, tais como a facilitação das normas para a realização mais frequente de plebiscitos temáticos e a democratização da mídia assumem papel crucial se quisermos realmente que a nossa tardia e jovem experiência democrática não venha a ser maculada pela adoção entre nós de um novo fascismo cirúrgico.

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