terça-feira, 27 de novembro de 2012

Contraponto 9855 - "João Santana: Lula é melhor nome para o governo paulista "


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27/11/2012

 

João Santana: Lula é melhor nome para o governo paulista




Da Folha

'Lula é o melhor para o governo paulista em 2014'

MARQUETEIRO DO PT DIZ QUE DILMA SERÁ REELEITA NO 1º TURNO E QUE HADDAD É O NOME DO PARTIDO PARA A PRESIDÊNCIA EM 2022 OU 2026

FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA


Mais político e engajado do que nunca esteve, o marqueteiro preferido pelo PT desde 2006, João Santana, declara que o melhor nome do partido para disputar o governo de São Paulo é o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"É uma pena o nosso candidato imbatível, Lula, não aceitar nem pensar nesta ideia de concorrer a governador de São Paulo. Você já imaginou uma chapa com Lula para governador tendo Gabriel Chalita, do PMDB, como candidato a vice?", disse Santana, em tom irônico, quase no final de uma longa entrevista à Folha.

Para o marqueteiro, a presidente Dilma Rousseff será reeleita em 2014 já no primeiro turno -se ocorrer, será algo inédito para um petista em disputas pelo Planalto. Sobre o prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad, faz uma previsão: "Tem tudo para ser presidente da República, em 2022 ou 2026". Antes disso, talvez seja a vez de Eduardo Campos, do PSB.

Na conversa, o marqueteiro de 59 anos relatou como foi a calibragem da estratégia que deu ao PT a Prefeitura de São Paulo neste ano. Não podia atacar os outros candidatos no início da campanha, porque Haddad "não tinha musculatura para bater nem para herdar eleitores" de adversários.

Em anos passados, Santana falava com um certo distanciamento do petismo. Hoje, assume-se mais como um profissional engajado com a causa partidária. "Por ter muita afinidade com o PT e esse campo político, eu acho muito difícil, eu diria impossível, fazer uma campanha presidencial para o PSDB."

Responsável pelo marketing de Luiz Inácio Lula da Silva (em 2006) e de Dilma (2010), Santana trata a oposição com menoscabo: "Se a eleição fosse hoje, novembro de 2012, Dilma ganharia no primeiro turno. Se fossem candidatos de oposição Aécio Neves e Eduardo Campos não teriam, somados, 10% dos votos".

E o presidente do STF, Joaquim Barbosa, como candidato ao Planalto? "Poderia ter um final de carreira melancólico. Não se elegeria, faria uma campanha ruim e teria votação pouco expressiva".

A seguir, trechos da entrevista concedida por ele em 19 de novembro, no apartamento onde vive em Salvador:

Folha - Em 2008, Marta Suplicy perdeu a eleição para a Prefeitura de São Paulo. Agora, Fernando Haddad, ganhou. O que se passou?


João Santana - Marta Suplicy sempre foi a melhor candidata do PT para um primeiro turno. E a pior para um segundo turno.


E Fernando Haddad?

Fernando Haddad era o pior candidato que o PT tinha para um primeiro turno e o melhor para um segundo turno.


[Sobre a desconstrução de Celso Russomanno] Tínhamos um grande desafio: encontrar a arma certa e a hora certa de atacar Russomanno. Isso inquietava todo mundo (...) Não podíamos fazer fora do tempo. Fernando Haddad não era conhecido, não tinha musculatura para bater nem para herdar eleitores que pudessem deixar Russomanno.


Fernando Haddad tem tudo para ser presidente da República, em 2022 ou 2026. É jovem, vai fazer um bom governo em São Paulo...


Não é muita futurologia?

É... Mas se a política não permite futurologia, as entrevistas permitem. Fernando Haddad tem hoje 49 anos. Vai ficar oito anos em São Paulo, porque vai se reeleger. Em 2022, 2026, vai ter um pouco menos ou um pouco mais de 60 anos.


Por que José Serra perdeu?

A renúncia à Prefeitura de São Paulo em 2006 (...) Você pode até perdoar alguém que matou um ente querido seu, mas dificilmente perdoará se tiver de conceder o perdão na sala ou no quarto em que aconteceu o crime. Serra quis voltar para o mesmo lugar que um dia havia deixado. A lembrança da renúncia dele torturava as pessoas.


O desgaste do PSDB pesou?

Os tucanos não souberam ser oposição. Viraram uma versão anacrônica da UDN: denuncistas e falsos moralistas. Pode acontecer ao PSDB o que aconteceu ao DEM. O DEM está sendo engolido pelo PSD, de Kassab. Se não se renovar, o PSDB pode ser engolido pelo PSB, de Eduardo Campos.


O DEM teve vitórias regionais...

Ganhar Salvador não faz a menor diferença para o DEM. Eu hoje imagino que é mais lógico que o prefeito eleito de Salvador, ACM Neto, saia do DEM do que queira ou tenha força para ressuscitar o partido. O DEM vive um ciclo terminal.


Por que o governo da presidente Dilma ainda tem uma marca difusa?

Você escreveu isso, mas discordo. Ela está firmando uma imagem vigorosa de grande consolidadora das políticas sociais, de ampliadora dos direitos da classe média, de reformadora moral e modernizadora do país. Está se formando a imagem de uma mulher firme, honesta, que não tem medo de tomar medidas duras. Uma mulher que não se deixa mandar. Que sabe fazer parcerias e alianças com setores importantes, especialmente com Lula. Uma presidenta que enfrenta uma das maiores crises da economia internacional sem titubear. Uma mulher de raça. Que enfrenta os bancos para abaixar os juros, as empresas de energia para abaixar a tarifa elétrica. Eu não estou inventando: estou relatando a leitura de estudos profundos de opinião.


O sr. afirmou em 2010 que Dilma ocuparia metaforicamente a cadeira da rainha no imaginário do brasileiro. Isso está se passando?

Era uma imagem figurada. Uma metáfora que está se cumprindo simbolicamente. Grandes camadas da população têm um respeito, uma admiração e um carinho tão sutil por Dilma que chega até a ser de uma forma majestática. É diferente daquele amor quase carnal, elétrico, vulcânico que têm por Lula.


Que papel terá a economia na sucessão em 2014?

Na hipótese que me parece completamente improvável de a economia ter sérios abalos, a população verá Dilma com muito mais capacidade de controlar o timão num momento de crise do que alguém da oposição. Com o cardápio de candidatos que está sendo oferecido, as pessoas vão confiar muito mais nela.


Quem será candidato a presidente em 2014?

Dilma Rousseff será candidata e vai ganhar a eleição. Provavelmente no primeiro turno (...) Se a eleição fosse hoje, novembro de 2012, ganharia no primeiro turno. Se fossem candidatos de oposição, Aécio Neves e Eduardo Campos não teriam, somados, 10% dos votos.


Aécio Neves é competitivo?

Mais para o futuro. Não me parece que vai chegar com força suficiente em 2014.


Eduardo Campos?

Eduardo Campos seria um candidato a presidente melhor em 2018 do que seria em 2014. Entre os candidatos que seguiram essa linha de acúmulo gradativo de forças [concorrendo em várias eleições] só houve um que se saiu bem nesta estratégia, que foi Lula. Adhemar de Barros [1901-1969] foi um caso patético. Leonel Brizola [1922-2004] fracassou. Ciro Gomes não teve resultados. É uma faca de dois gumes. Um candidato jovem que vem pela linha da renovação torna-se muito mais forte se trabalhar no momento preciso, com impacto. Foi o que aconteceu com Haddad em São Paulo.


E Joaquim Barbosa?

É uma pessoa inteligente e saberá tomar a decisão certa. Caso se candidatasse poderia ter um final de carreira melancólico. Não se elegeria, faria uma campanha ruim e teria uma votação pouco expressiva. Não tem apelo para ser candidato presidencial. Mesmo com os pontos positivos que tenha, não tem perfil de presidente. Não tem preparo político para enfrentar o embate de uma campanha. Não tem base partidária que lhe forneça uma estrutura sólida. O povo separa bem as coisas: sabe que uma coisa é ser juiz outra é ser presidente.


Marina Silva?

Saiu bem da campanha de 2010, mas perdeu o vigor nesses dois anos, durante os quais poderia ter feito um trabalho mais consistente.


Ciro Gomes?

Não sei nem se ele tem condições de se impor como candidato em seu partido.


E Lula em 2014?

Não quer ser candidato a presidente da República, em 2014. Defende, de toda alma, a reeleição de Dilma. Mas vou fazer uma provocação. É uma pena o nosso candidato imbatível, Lula, não aceitar nem pensar nesta ideia de concorrer a governador de São Paulo. Você já imaginou uma chapa com Lula para governador tendo Gabriel Chalita, do PMDB, como candidato a vice? E mais do que isso. Já imaginou o que seria, para o Brasil, Dilma reeleita presidenta, Lula governador de São Paulo e Fernando Haddad prefeito da capital? Daria uma aceleração incrível no modelo de desenvolvimento econômico e avanço social que o Brasil vem vivendo.


[Mas] ele não aceita. Se isso sair publicado ele vai xingar até a minha quinta geração.

NA INTERNET

Leia mais trechos da entrevista
folha.com/no1190615

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