domingo, 30 de setembro de 2012

Contraponto 9358 - "Lula, o golpe da direita e a classe média ideológica"


30/09/2012

Lula, o golpe da direita e a classe média ideológica


Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre

“Não foi fácil (fazer um bom governo). Não foi fácil porque a elite política brasileira não brinca em serviço. Eles não gostam quando eu falo, mas, em 2005, eles tentaram dar um golpe no meu governo. Como tentaram dar e deram no João Goulart, como tentaram dar no Juscelino (Kubitschek) e como levaram o Getúlio Vargas à morte”. (Lula, ontem, em comício de apoio a Fernando Haddad)






     Lula sabe dos trabalhistas do passado e por isto derrotou a direita.

Luiz Inácio Lula da Silva sabe que a vitória do candidato do PT, Fernando Haddad, em São Paulo é primordial para quebrar a espinha dorsal tucana, e, consequentemente, pavimentar, com maior desenvoltura, a reeleição da presidenta Dilma Rousseff em 2014, bem como encerrar o domínio dos tucanos sobre a máquina pública paulistana, que a transformaram em um balcão de negócios para atender os “quatrocentões” de São Paulo e relegar a um segundo plano os interesses da sociedade. As máquinas estatais paulistana e paulista foram privatizadas e terceirizadas, afinal elas estão nas mãos dos políticos do PSDB, os neoliberais que venderam o Brasil.


Não quero dizer que Dilma Rousseff precisa necessariamente dos conservadores do estado de São Paulo e cidade de São Paulo para vencer as eleições em âmbito nacional, e, por conseguinte, ser reeleita. Estou, sim, a afirmar que se o PT vencer o pleito eleitoral na metrópole bandeirante, indubitavelmente vai ter acesso a uma conjuntura de forças políticas, inclusive algumas à direita do espectro ideológico, que vão viabilizar, de vez, o projeto trabalhista do PT, que tem, sobretudo, o objetivo de distribuir renda e riqueza para a população, bem como inserir o Brasil em um contexto de desenvolvimento que o coloque em uma posição de País civilizado, soberano e independente. Ponto.


É este o projeto nacional desde 1930 dos trabalhistas liderados por Getúlio Vargas, que não é, de forma alguma, compreendido, veiculado e repercutido pela imprensa burguesa de negócios privados e combatido a ferro e fogo, de forma mesquinha, violenta e ilegal, por parte da classe média, pelo grande empresariado urbano e rural, que tem o controle dos meios de produção, e, finalmente, por setores que controlam o poder do estado nacional, como o Judiciário, o Ministério Público e até mesmo as Forças Armadas, que estão quietas, mas, irremediavelmente, conservadoras.
Lula sabe disso e sempre soube. O político oriundo das classes populares que se fez estadista mesmo quando moderado (e ele o é; a direita sabe disso), a atender às demandas e os anseios das classes dominantes, que se resumem a ter o País somente para poucos, ou seja, para eles, sempre buscou o diálogo. Nunca o gênio da política, tão genial como o foi Getúlio Vargas, quis romper com o processo democrático e estabelecer um governo de força. O governo de Lula foi reformista, desenvolvimentista e não revolucionário.
As elites brasileiras herdeiras da escravidão não entenderam esse processo e se o compreenderam, por ideologia, ganância pelo poder e preconceito contra Lula e os trabalhadores, passaram a usar, de maneira perversa, sua máquina midiática para, primeiramente, conquistar as mentes e os corações da classe média ressentida e reacionária, e, a partir daí, boicotar o governo democrático de Lula, bem como tentar derrubá-lo do poder, como ocorreu em 2005. O "mensalão" é o exemplo mais emblemático de todo esse processo, pois usado como único trunfo de uma direita derrotada nas urnas e sem propostas para o povo e igualmente sem projeto de país para poder conquistar o poder.



DO QUÊ A DIREITA TEM MEDO? DO LULA, DA MASSA OU AMBOS?

DO QUÊ A DIREITA TEM MEDO? DO LULA, DA MASSA OU AMBOS?


O mandatário ao perceber que corria o risco de sofrer um golpe “branco”, resolveu ir às ruas, às praças, o que, de forma quase sumária, arrefeceu os ânimos ferozes e golpistas da direita partidária e midiática, que não teve outra saída a não ser recuar e, consequentemente, ser derrotada por Lula e o PT nas eleições presidenciais de 2006. Contudo, o campo da direita e que aposta na ilegalidade não desiste nunca do poder político e do controle do estado. A burguesia continuou com sua campanha insidiosa baseada na mentira e na manipulação das notícias, por intermédio dos golpistas do mundo acadêmico, empresarial e midiático.


Utilizaram-se, constantemente, de palavras injuriosas, caluniosas e difamatórias e as repercutiram, a ter como principal cliente e consumidora a classe média reacionária e de direita, portadora do poder ideológico, porque é essa classe, de índole conservadora que almeja eternamente ser rica e por causa disso dissemina os valores da burguesia, alicerçados nos sonhos de consumo, na diminuição do espaço público, e, principalmente, na separação das classes sociais, que se consideram superiores às classes populares, com o propósito de perpetuar o status quo.


A classe média tanto quanto à classe rica são irmãs siamesas somente ideologicamente, porque no mundo real os ricos a deixa na porta e a impede de entrar na sua festa, aí, sim, verdadeiramente VIP. Como afirmei no início deste artigo, Lula sabe disso. Muita gente sabe desse procedimento, bem como a história, livre das paixões, vai, sem sombra de dúvida, apontar, definir e esclarecer o que foi o governo democrático e desenvolvimentista de Lula, como está a fazer com Getúlio Vargas e João Goulart.


Restaram para a oligarquia brasileira, nos últimos dez anos, o golpe e a máquina midiática de propósitos separatistas, cujos donos são os barões do apartheid. As classes dominantes não se preocupam com o desenvolvimento de seus povos e países. Como esse segmento social não tem sentimento de brasilidade e de nação se torna irremediavelmente alienígena. Por ter essa característica, age com naturalidade contra o Brasil e sempre a favor de seus interesses de classe. Lula sempre soube disso. É isso aí.

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