quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Contraponto 4045 - "Transnordestina recebe primeiros trilhos no Cariri"

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24/11/2010


Transnordestina recebe primeiros trilhos no Cariri

Diário do Nordeste - 24/11/2010

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Operários da construtora Aliança instalam 500m de trilhos por dia.As obras estão no Município de Milagres, próximo ao túnel entre Missão Velha e Brejo Santo
FOTOS: ANTÔNIO VICELMO

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A conclusão da Transnordestina está prevista para dezembro de 2012. Atualmente, a obra está sendo executada em Missão velha. Vai transportar milhões de toneladas em produtos


A obra de construção da Transnordestina final mente chega ao Cariri. No dia 10, presidente Lula visita canteiro na região

Missão Velha. A Ferrovia Transnordestina, finalmente, entrou nos trilhos. A instalação dos primeiros trilhos começou no "marco zero", neste Município. Agora, as equipes de trabalho já estão no Sítio "Corredor Comprido", Município de Milagres, a menos de um quilômetro de distância do túnel que passa por baixo da CE-293, que liga Missão Velha a Brejo Santo.

Estão sendo fixados dois tipos de bitola em alguns trechos. Entre Missão Velha e Salgueiro, são três trilhos paralelos. O objetivo é atender às composições de bitolas mais largas. No canteiro de obras, operários da Construtora Aliança, que faz parte do consórcio que executa o projeto, afirmam que estão sendo feitos 500 metros por dia.

A predominar este ritmo, o trecho de 96 km entre Missão Velha (CE) e Salgueiro (PE) será concluído em seis meses. O presidente Lula deixará o cargo em janeiro de 2011 sem inaugurar nenhum trecho da ferrovia, que consta do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Inauguração de obras

Mesmo com o atraso das obras, o presidente Lula prometeu voltar ao Cariri, em companhia do governador Cid Gomes, no próximo dia 10, para inaugurar obras na região, dentre as quais o Hospital Regional do Cariri. Na mesma dada, está programado que o presidente fará um pequeno trajeto em trem adaptado, na parte que já está pronta entre Salgueiro e Missão Velha.

"Ainda tem muitas obras d´artes (pontes e túneis) a serem concluídas. O trabalho final é demorado", afirmou um funcionário que preferiu não se identificar. No canteiro de obras, dizem não ser autorizados a dar entrevista. Cada um dos trilhos, com 24 metros de comprimento, pesa uma tonelada. O transporte é feito pela própria via férrea, em construção, por meio de vagões prancha, que descarregam esses materiais em locais estrategicamente preparados para a instalação definitiva dos trilhos no trecho.

Os mesmos vagões transportam os dormentes até a frente de serviço. Uma vez descarregados, pórticos especiais, também montados sobre trilhos, são mobilizados para o lançamento dos dormentes na via terraplanada. No trecho de 1.200km sob sua responsabilidade, a Construtora Aliança utiliza quatro conjuntos completos de pórticos, cada um deles com capacidade para descarregar 40 dormentes com peso de 360kg.

Após essa etapa, outro equipamento, a posicionadora de grade, entra em operação para a montagem dos trilhos sobre os dormentes. Esse serviço exige que os trilhos sejam "grampeados" aos dormentes, um processo que, na maioria das vezes, é realizado de forma manual. A fase final é a descarga do lastro de brita, também realizada por um equipamento sobre trilhos.

Uma verdadeira montanha de brita foi acumulada no canteiro de obras. Dotado de vagões com gôndolas, a máquina despeja a brita sobre a área dos trilhos e dormentes, preparando o terreno para a fase posterior, feita pela reguladora de lastro. Para isso, a máquina conta com uma lâmina frontal e caixas laterais, utilizadas para acertar os taludes do lastro. Esses dispositivos também removem o excesso de brita e conferem à via o perfil definido em projeto.

A presença dos trens de carga nos sítios cortados pela ferrovia animou os moradores. O agricultor Pedro Crispim de Oliveira que, a princípio, não acreditava no projeto, agora está vendo o trem passar em sua porta, no Sítio Caiçara, a 20km do marco zero. "Está vindo gente de longe para conhecer o trem", diz o vaqueiro Damião da Silva.

Paralelamente, prossegue a terraplanagem do trecho de 50km, ligando Missão Velha e Aurora, rumo ao Porto do Pecém. De acordo com informações da Secretaria da Infraestrutura do Estado do Ceará (Seinfra), o Governo está promovendo as desapropriações necessárias à execução das obras no trecho cearense.

Divisão de trechos

Na execução das desapropriações de imóveis localizados na faixa de domínio, que vai de Missão Velha até o Pecém, em São Gonçalo do Amarante, num total de 527km de extensão, os trechos foram divididos em Missão Velha-Acopiara, Acopiara-Quixadá e Quixadá-São Gonçalo do Amarante (Complexo Industrial e Portuário do Pecém).

Os trabalhos totalizam investimento da ordem de R$ 6 milhões, oriundos de convênio entre o Governo do Estado, mediante a Seinfra, e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Atualmente 197.632km já tiveram a imissão de posse entre Missão Velha e São Gonçalo.

Os dormentes estão sendo transportados em carretas de Salgueiro para Missão Velha de onde são levados para os locais de instalação. Na cidade pernambucana está localizada, segundo o presidente Lula, a maior fábrica de dormentes do mundo em bitola larga, com capacidade para produzir 4,8 mil peças (ou 3 km) por dia e a estimativa é chegar ao fim do ano com 230 mil dormentes finalizados, acelerando a implantação da estrada de ferro.

Investimento

5,4 bilhões de reais estão sendo investidos no projeto de Ferrovia Transnordestina, que promete revolucionar o transporte de carga na região, impulsionando diversos setores da economia

MAIS INFORMAÇÕES

DNIT - Superintendência Regional do Estado do Ceará - Br 116, Km 6 - Cajazeiras - Fortaleza (CE)
(85) 3295.7377 / 3295.3991

DESENVOLVIMENTO COMERCIAL

Ferrovia vai movimentar 27 mi t/ano

Missão Velha. A construção da Ferrovia Transnordestina é um dos projetos que marca o retorno dos investimentos em transporte ferroviário no Brasil. Integrante do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, a obra exigirá o aporte de R$ 5,4 bilhões. Quando estiver finalizada, a ferrovia terá 1.728 km de extensão e capacidade para movimentar até 27 milhões de toneladas de carga por ano.

Entre as principais cargas poderão figurar soja, milho, frutas, arroz, algodão, combustíveis, biodiesel, granito, gipsita, fertilizantes, contêineres, insumos para o setor avícola, calçados, produção têxtil ou couro. Ceará e Pernambuco também vão agregar financiamentos próprios para alguns trechos a mais no novo traçado, que beneficiarão diretamente seus polos de desenvolvimento (fertilizantes e gesso, respectivamente).

Ao assinar a ordem de serviço do Lote 1, em Missão Velha, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, ressaltou que a ferrovia vai beneficiar 124 Municípios nos Estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. A construção da Nova Transnordestina, segundo o ministro, será importante para o desenvolvimento do semiárido nordestino, promovendo a redução dos custos logísticos de exportação, o aumento do valor das terras do cerrado nordestino, a reorganização espacial da produção agrícola, a atração de novos empreendimentos para a região e, ainda, o estímulo ao projeto nacional de biodiesel.

Os terminais poderão receber navios graneleiros de grande capacidade do tipo capesize com até 150 mil toneladas por porte bruto (tpb), que podem transportar até 105 mil toneladas de soja, por exemplo. Cada um dos terminais terá dois transportadores com capacidade para 1,5 mil toneladas/hora, o que permitirá que um navio deste tipo seja carregado em apenas um dia e meio.

Atualmente, os navios de transporte de soja que aportam em Santos e Vitória têm, no máximo, 125 mil tpb e carregam 85 mil toneladas de soja.

ANTÔNIO VICELMO
REPÓRTER
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