segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Contraponto 4029 - Qual propósito?

.
22/11/2010

Qual propósito?

Jornal O Povo (CE) Coluna Cidadania - 21/11/2010

Valdemar Menezes


Qual propósito?

Há uma profunda desconfiança de ponderáveis segmentos da opinião democrática brasileira sobre os reais propósitos dos que bateram à porta do STM (Superior Tribunal Militar) para terem acesso ao processo que a ditadura militar moveu contra Duma Rousseff, quando ela era jovem militante de uma organização política que utilizou a luta armada para enfrentar os golpistas de 1964.

Se o interesse for saber se ela participou da resistência, isso ela não nega e até tem orgulho de tê-lo feito. Se, porém, a intenção for dar legitimidade às versões e aos conceitos dos torturadores (Duma foi torturada) sobre as ações revolucionárias, julgando-as a partir da ótica do regime, aí haverá repúdio por parte da consciência democrática nacional contra a manobra - garantem lideranças políticas e sociais. O direito de resistência (inclusive armada) a um regime ilegítimo, imposto pelas armas, como o da ditadura, é aceito em qualquer tribunal internacional.

RESISTÊNCIA

A luta armada contra um governo tirânico foi justificada até por Santo Tomás de Aquino. Se o governo não é escolhido pelo povo, mas imposto pela força, por uma facção ou segmento da sociedade, não tem legitimidade.

Os que usam do direito da resistência (inclusive sublevação armada) contra tal governo praticam um ato legítimo. Foi o que aconteceu no Brasil, durante a ditadura. A crítica que se faz à resistência armada brasileira é de ordem política, não jurídica ou moral: foi uma tática equivocada porque não resultava de uma articulação com os demais setores esmagados da sociedade, mas da ação vanguardista de grupos de militantes, que terminaram isolados da sociedade, tanto por força da repressão descomunal, como pela censura, que impedia a comunicação com a população, dentre outras causas.

Nelson Mandela (foto) e seu movimento revolucionário, por exemplo, também foram chamados de “bandidos” e de “terroristas” pelo governo e pela mídia, mas venceram porque sua luta estava interligada com outras frentes de resistência da sociedade. Não se isolaram.
.

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista