domingo, 18 de outubro de 2009

Contraponto 502 - O "Esgoto" e a "Fossa"


18/10/2009
O eixo Veja-Folha e o caso Lina

Do Blog do Luiz Nassif

Não há limites para esse eixo Veja-Folha que se formou anos atrás e prossegue impávido, mesmo depois do desmoronamento da credibilidade da revista (clique aqui para ler a íntegra das matérias).

Esta semana, Veja apresenta um furo estrambólico: diz que Lina Vieira, a ex-Secretária da Receita Federal, finalmente (dois meses após o escândalo em torno da suporta reunião reservada com Dilma Rousseff) abriu sua mala e, ó surpresa!, encontrou a agenda perdida, onde estava escrito à mão a data da sua reunião com a Ministra Dilma Rousseff.

A reportagem da Veja é um desses primores do antijornalismo:

Em um trecho, diz que a Secretária tinha admitido que a tal reunião talvez tivesse ocorrido em dezembro.

A ex-secretária, por sua vez, nunca apresentou provas convincentes, além do próprio testemunho, de que a conversa realmente existira. O dia? Lina não se lembrava. O mês? Lina dizia que fora próximo ao fim de 2008, talvez em dezembro. Quando questionada sobre a imprecisão, justificava afirmando que todos os detalhes estavam registrados em sua agenda pessoal.

Agora, a tal agenda apareceu. E, segundo a revista, tem um dado capaz de mudar: uma anotação à mão (!)

A ex-secretária da Receita fez uma anotação a mão em 9 de outubro de 2008, logo em seguida à reunião com Dilma. Ela escreveu: “Dar retorno à ministra sobre família Sarney”. De acordo com um amigo de Lina, a quem ela confidenciou ter achado a agenda, bem como detalhes ainda não revelados sobre o encontro, a reunião ocorreu pela manhã, próximo ao horário do almoço, fora da relação de compromissos oficiais da ministra.
Consultem-se os jornais da época (clique aqui):

Em 28 de agosto o Palácio informou os dias em que Lina esteve por lá. Entre os quais, 9 de outubro. Esse mesmo dia que a Veja, agora, apresenta como furo.

O non-sense da matéria produz essa pérola de jornalismo investigativos:

O registro feito pela ex-secretária em sua agenda pessoal não é, obviamente, prova irrefutável de que a reunião realmente ocorreu e, consequentemente, de que Dilma não disse a verdade. Mas sua existência é um avanço considerável, sobretudo quando analisado em conjunto com informações já conhecidas.

A reportagem prossegue e, (surpresa!) admite o óbvio conhecido: que a tal data de 9 d eoutubro não era novidade nenhuma

Em agosto passado, o senador Romero Jucá, um dos principais defensores do governo no Congresso, divulgou um relatório com as entradas oficiais de Lina no Palácio do Planalto. De acordo com Jucá, a ex-secretária esteve no Planalto quatro vezes – em outubro de 2008 e nos meses de janeiro, fevereiro e maio de 2009. O único ingresso registrado no ano passado, portanto, ocorreu em 9 de outubro, às 10h13. Lina, segundo os registros oficiais, deixou o Planalto às 11h29 do mesmo dia.

Então, qual a novidade da matéria? E por que Jucá teria divulgado a data do encontro?

Na época, interessava ao governo divulgar a informação porque, embora afirmasse não lembrar com exatidão a data do encontro, Lina dizia que a reunião teria ocorrido no fim do ano, provavelmente em dezembro. A falta de registro de um ingresso de Lina naquele mês, portanto, seria um indício de que a ex-secretária mentia ao confirmar o encontro com a ministra. Agora, com o surgimento da agenda, e da anotação de que o encontro com Dilma ocorreu no mesmo dia 9 de outubro, a tentativa de desmentir a ex-secretária pode acabar confirmando sua versão.
Em 12 de agosto de 2009, Dilma Rousseff havia desafiado Lina a mostrar a agenda.

Em 18 de agosto de 2008, foi a vez de Lula desafiar Lina, e nada.

Antes disso, passa aos Senadores de oposição a dica de que a reunião secreta ocorreu em 19 de dezembro. O dia foi desmentido pela própria comparação das agendas de Dilma e Lina – uma em reunião com a Petrobras, outra viajando para o Rio Grande do Norte.

Um velho truque da revista consiste, sempre que apresenta uma matéria frágil como esta, deixar no ar que existem mais coisas, mais provas. Só que não apresenta.

O adicional – não mostrado pela revista – é de um CD onde supostamente estariam todos os emails trocados entre Lina e seus subordinados. Ora, presume-se que Lina se valeria do sistema oficial de emails da Secretaria. Quando desafiada a mostrar provas de que tivesse buscado informações sobre Sarney após a reunião, bastaria a ela acessar sua caixa postal na Receita e mostrar as providências que teria tomado após a reunião.

A intenção da revista é de uma obviedade que espanta:

A descoberta da agenda de Lina acontece em um momento especial para a ministra Dilma Rousseff, que, com a saúde recuperada, volta a empinar sua candidatura à Presidência. Apesar de ainda patinar nas pesquisas, a ministra tem conseguido apoios importantes, resultado de sua dupla jornada como ministra e candidata à sucessão de Lula.

Depois do Tico, o Teco

Depois que o Tico dá a senha, entra o Teco – matéria da Folha, de Leonardo Souza, repercutindo a “denúncia” da Veja:

Segundo a matéria da Folha, Lina conseguiu a agenda logo depois da sessão da CPI, mas não divulgou porque recebeu recados de “pessoas ligadas ao governo” para deixar o assunto morrer. Ou seja, a mulher que foi à CPI, que se transformou no principal instrumento dos senadores da oposição, que chamou a Ministra de mentirosa , e que foi chamada de mentirosa pelo governo, não divulgou a “prova” de que não mentia porque recebeu recados… do governo.

O mais incrível é que todo esse carnaval não repousa em cima de nenhuma acusação. Na primeira matéria à Folha, Lina diz que Dilma teria pedido para agilizar as investigações sobre Fernando Sarney. Ela – Lina – que deduziu que o pedido poderia ser para abafar o caso. Não tem acusação, não tem crime, não tem jornalismo. É uma discussão besta sobre se a reunião ocorreu ou não e se Dilma pediu ou para agilizar as investigações. Apenas isso. Criou-se um fato jornalístico e revestiu-o de escândalo.

Ora, quando alguém quer abafar um caso, diz: “Quero que você abafe o caso, quero que esconda provas de possíveis crimes do Fernando Sarney”.

O que disse Lina Vieira na CPI, segundo a própria Veja (clique aqui)

Questionada se Dilma teria pressionado a arquivar o processo, Lina disse que não. “A ministra me disse para agilizar a fiscalização do procedimento contra o filho de Sarney, mas, de forma alguma, o pedido foi para não investigar o filho de Sarney. Foi apenas para dar agilidade”, afirmou a ex-secretária.

O problema não é apenas o da manipulação. É da manipulação grosseira, porque se desaprenderam princípios básicos de jornalismo. Esse é o drama principal de alguns veículos como Folha e Veja. Até a manipulação exige domínio de princípios jornalísticos. Anos e anos de uso do cachimbo deixaram a boca torta: não se sabe mais fazer jornalismo.(...)

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PITACO DO ContrapontoPIG

Considero revoltante o que estes dois veículos de comunicação praticam, enganando descaradamente a milhões de brasileiros desavisados.
Fabricam quase que semanalmente crises e escândalos contra o governo Lula, escamoteando as falcatruas e ladroagens dos governos do PSDB e DEMO, com reportagens de intenções francamente golpistas, simpáticas à elite perversa, racista e golpista do Brasil.
No caso Lina, já é sobejamente sabido que a figura repugnante de Agripino Maia esteve por trás de toda a "invenção".
Se a Veja é também conhecida como "o Esgoto", a Folha bem que poderia doravante ser denominada como a "Fossa de São Paulo". Fica a sugestão para uso de todos os blogueiros.
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